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Em 1941, a Alemanha sacrificou-se pela Europa


Em 1941, a Alemanha sacrificou-se pela Europa

Por Euclide Pierre

No final de 1989, foi publicado um livro, que após ter retido algumas atenções, desapareceu rapidamente das livrarias e não mais foi objecto de comentários nos média desde então.

É um livro escrito por um dissidente soviético que passou para o Oeste, Victor Suvarov. Seu título: Icebreaker.

Victor Suvarov ocupava um rang muito elevado dentro do G.R.U. (Serviços de Informação Militares). Então ele pôde ter acesso a muitos documentos secretos conservados nos arquivos soviéticos.
           
No seu livro, ele demonstra, com documentos a apoiar, que em 1941, a União Soviética preparava-se para atacar a Alemanha, este ataque deveria ter lugar em Junho ou Julho desse ano.

Em consequência, a “agressão” alemã contra a União Soviética foi apenas uma acção preventiva

 
Objectivo do Comunismo : a conquista do Mundo

A primeira parte do livro contém uma análise interessante dos meios previstos pelos comunistas para alcançar o seu objectivo: a conquista da Europa e do Mundo e o estabelecimento local da Internacional Comunista.

Desde o séc.19, os autores do Manifesto do Partido Comunista, Marx e Engels declararam que conflitos generalizados seriam desejáveis para o estabelecimento dos regimes comunistas. Segundo eles, esses conflitos deveriam provocar a fome e, assim a criação das condições necessárias á victória da classe trabalhadora.

A Primeira Guerra Mundial deu-lhes razão na Rússia. No entanto, a Revolução mundial não se realizou: nos outros países em contacto com os Bolcheviques, as revoltas comunistas falharam . Esta falha foi atribuída não somente aos Aliados, mas acima de tudo, o escasso apoio dos comunistas russos totalmente desorganizados no seu país.

Quanto á Alemanha, onde a insurreição tinha sido cuidadosamente preparada, ela deve a sua salvação ao facto de que, não tendo contacto directo com a Rússia (a Polónia fazia de tampão e tinha resistido aos ataques dos Bolcheviques com Toukhatchevski frente a Varsóvia), os comunistas não puderam receber ajuda.

A partir de 1921, e em seguida (depois de Lenin) com Stalin, os Bolcheviques reforçaram o seu poder na Rússia. No entanto, a Revolução Mundial era o seu objectivo principal.

Em primeiro lugar, era necessário continuar a ajudar os comunistas alemães que continuaram o combate, pois Stalin pensava e com razão, que a Alemanha era a peça central que permitiria a instalação do comunismo na Europa.

 
Stalin e a guerra a Oeste

Stalin observava com interesse a ascensão do Nacional-Socialismo. Ele pensava que as justas reivindicações territoriais alemãs poderiam a qualquer momento iniciar um novo conflito mundial há muito aguardado pelos comunistas.

No seu livro, Suvarov afirma que Stalin, ansioso para fazer com que uma guerra expluda a Oeste, teria apoiado a ascensão do Nacional-Socialismo.

 
O pacto germano-soviético do 23 Agosto de 1939

De qualquer forma, para que a Rússia possa intervir de forma rápida e eficiente, ela tinha de possuir fronteiras comuns com a Alemanha.

Mas em 1939, esta sentiu-se ameaçada a Oeste e desconfiava, com razão, da Rússia. Em consequência, Hitler pensou que poderia beneficiar de uma trégua tratando com Stalin, o que dar-lhe-ia uma certa segurança de manobra a Oeste. Dai a assinatura, em 23 de Agosto de 1939, o pacto germano-soviético. Daí, também, a alegria de Stalin que durante a assinatura do pacto, exclamou: “Eu enganei! Eu enganei Hitler”(vide Mémoires de Khrouchtchev). Aliás, ele tinha enganado Hitler como nunca ninguém o tinha feito.

Uma semana e meia depois, Hitler já estava a conduzir uma guerra em duas frentes : desde o início, a Alemanha estava numa situação que a levaria à ruína.

Ao assinar o Tratado, Stalin estava em posição de vencer a 2ª Guerra Mundial, mesmo antes de Hitler a ter iniciado.

Stalin ajudou Hitler a vencer a batalha a Oeste dando, por exemplo, ordens aos partidos comunistas para organizarem uma propaganda pacifista.

Em encorajando e empurrando a Alemanha nacional-socialista a guerrear contra as democracias, Stalin a havia condenado à morte, daí o nome “Icebreaker” dado por Suvarov a estas manobras.

Stalin já tinha as suas fronteiras comuns com a Alemanha. Só lhe restava a preparar-se para intervir no momento certo.

                                     Hitler oferece a paz ás democracias ocidentais

No Verão de 1940, Hitler percebeu que tinha sido enganado. Mas já era tarde demais. Só lhe restava preparar a operação “Barbarossa”.

Ansioso por evitar uma guerra em duas frentes, Hitler não cessou de propor a paz para à Inglaterra. Mas esta, incentivada e apoiada pelos USA, rejeitou todas as suas ofertas.

 
Os preparativos soviéticos para invadir a Europa


Ao mesmo tempo, Stalin estava a preparar a sua ofensiva. No seu livro, Suvarov descreve minuciosamente a criação desta gigantesca operação : a destruição de todas as fortificações ao longo da fronteira comum ; remoção do arame farpado, dos campos de minas ; criação de novas estradas em direcção a oeste, novos caminhos de ferro …

Se Stalin tivesse temido uma ofensiva alemã a Este, ele ter-se-ia apressado a estabelecer um poderoso dispositivo de defesa ao longo da 750 km de zona fronteiriça com a Alemanha. Mas nada disso foi feito. Suvarov lembra que em 1943, em Kursk, para repelir a ofensiva alemã, o Exército vermelho criou seis linhas fortificadas contínuas a uma profundidade de 250 a 300 km. Cada Km estava saturado com trincheiras paralelas, passagens de comunicação, abrigos, posições de baterias, a densidade em minas foi de 7.000 minas por Km. A concentração de artilharia anti-tanque, alcançou o número monstruoso de 41 canhões por Km, sem incluir a artilharia de campo, os tanques enterrados e a DCA. E tudo isto sobre uma extensão sem relevo, quase nua.

Em 1939, as condições eram melhores. O sector incluía florestas, lagos, pântanos, poucas estradas. Os soviéticos teriam tido o tempo necessário para desenvolver uma área verdadeiramente intransponível. No entanto, como acabamos de ver, eles apressaram-se a tornar a região acessível.

Para um exército ofensivo, fortificações e obstáculos diversos, minas, valas, etc. são alguns dos obstáculos para todo o sistema de logística, foi necessário então destruí-los, o que foi feito.

Suvarov explica com a ajuda de uma importante documentação referenciada como ocorreu o estabelecimento dos diferentes corpos militares para a invasão da Europa.

Dezenas de milhares de pára-quedistas serão amassados ao longo das fronteiras, prontos a serem largados. As unidades de tanque estão equipadas com um dispositivo extraordinário para a época: o tanque BT. Ele podia alcançar a velocidade de 100 km/h. O BT tinha apenas um defeito: não podia ser utilizado em território soviético. Todas as suas vantagens vêm em parte da sua capacidade para se livrar das suas lagartas e rolar sobre rodas. As lagartas apenas serviam durante a sua passagem sobre estradas defeituosas, como na Rússia, em Polónia, etc. Mas quando ele chegou aos países da Europa central e ocidental dotados com boas estradas, ele poderia imediatamente se livrar das suas lagartas. O BT só foi projectado para combater no estrangeiro. Além disso, quando começou a operação “Barbarossa”, todos eles foram abandonados. Os historiadores explicam que em Junho de 1941, os tanques soviéticos não estavam preparados para a guerra. Isto é falso! Eles foram concebidos para levar a cabo um outro tipo de combate em outros territórios. Suvarov também indica que uma grande parte das unidades motorizadas estavam equipadas com pneus!

Para todas as unidades reagrupadas ao longo das fronteiras, nenhum acantonamento em duro tinha sido previsto. A tropa acampava nas florestas, a sua estadia parecia limitada a alguns dias.

Quanto à aviação soviética, ela estava concentrada perto das fronteiras, e se, de acordo com Suvarov, ela perdeu o controle dos céus desde o primeiro dia, é porque a maioria dos pilotos soviéticos, incluindo os caçadores, não tinham aprendido a conduzir combates aéreos. Eles apenas sabiam destruir alvos terrestres. Uma só e grandiosa operação ofensiva devia destruir na totalidade a aviação inimiga.

Suvarov chama a atenção sobre a importância dos elementos do NKVD que, fortes de várias centenas de homens, implantados ao longo da fronteira. Quando se conhece os objectivos do NKVD, podemos-nos perguntar sobre a razão da sua presença.

O autor indica muitos indícios deixando prever o inicio da ofensiva russa para o 6 de Julho de 1941. Hitler acreditava que a invasão soviética era inevitável, mas ele não imaginava que ela estava iminente.

Stalin, não pensava num ataque alemão, porque ele não acreditava que os alemães estivessem suficientemente preparados para enfrentar os problemas colocados por um eventual combate na Rússia.

De acordo com Suvarov, os alemães tiveram muita sorte com a “Barbarossa” no 22 de Junho de 1941. Nesse sentido, ele cita o General do Exército S. P. Ivanov, chefe da Academia do Estado-Maior General das Forças Armadas Soviéticas. Em colaboração com importantes historiadores, ele redige um estudo intitulado: O Período Inicial da Guerra. Ele reconhece que Stalin preparava-se para nos atacar e revela a cronologia: “O comando fascista alemão é bem sucedido, duas semanas antes da guerra, a surpreender as nossas tropas”. Se a Rússia estivesse preparada para a defesa ou mesmo uma contra-ofensiva, a Alemanha, por definição, não poderia “surpreender-nos”.

O ataque a 22 de Junho de 1941 foi uma surpresa total para Stalin e a sua equipa. No entanto, eles sabiam das concentrações de tropas do lado alemão. Mas eles pensavam, como já foi dito, que os alemães não estavam preparados para entrar em combate. Então, porque estes últimos atacaram naquele dia ? Sem duvida, porque eles julgaram o momento propicio e, talvez, porque não podiam agir de outra maneira.

Suvarov conta que, a 17 de Junho 1945, um grupo de inspectores militares soviéticos interroga, durante a sua detenção, os altos comandantes da Wehrmacht. O Feldmarschall Keitel ter-lhes-ia dito: “Afirmo que todos os preparativos aos quais nos preparamos até à primavera de 1941, tinham um propósito defensivo em caso de ataque do Exército Vermelho. Até certo ponto, a guerra a Este pode ser descrita como preventiva. Na primavera de 1941, eu tinha chegado à conclusão que uma forte concentração de tropas russas e uma ofensiva subsequente contra a Alemanha poderia colocar-nos numa situação extremamente crítica num plano estratégico e económico. Desde as primeiras semanas de um ataque russo, a Alemanha teria sido submetida a condições extremamente adversas. A nossa ofensiva foi uma consequência directa dessa ameaça”.

O Coronel-General A. Jold, principal arquitecto dos planos de guerra alemães, agarrou-se ao mesmo ponto de vista. Os investigadores soviéticos tentaram em vão convencê-los a mudar a sua posição. Julgados pelo Tribunal Militar Internacional de Nuremberga, eles foram enforcados com a acusação de “culpados principais de guerra”. Uma das suas cargas de acusação era de ter “desencadeado uma guerra de agressão (contra a Rússia) sem qualquer provocação do outro lado”.

 
As primeiras derrotas soviéticas explicadas


Quando os alemães lançaram a operação “Barbarossa”, o mundo inteiro ficou surpreso e interroga-se sobre a extensão das perdas em homens e materiais sofridos pelos russos nos primeiros dias da ofensiva. O livro de Suvarov fornece uma explicação: os soldados alemães entraram em confronto com uma tropa que, concentrada para um ataque e, portanto, desprovida de qualquer possibilidade de manobra, foi destruída no local …
Em conclusão, Suvarov constata que, apesar das primeiras derrotas, Stalin conseguiu vencer a guerra. No entanto, ele poderia tê-la perdido, pois para vencer, a imensa ajuda dos EUA foi-lhe necessária. De qualquer forma, quando os dois vencedores partilharam os restos do Velho Continente, a URSS não só ganhou novos territórios a Oeste, mas também o controle, e, por dizer, o domínio de cerca de metade dos países da Europa.

  Conclusão

 A conclusão que Suvarov poderia ter e não fez, vamos tentar imaginá-la

Primeiro, observe que a saída deste livro, que hoje poderia por em causa a ideia comodamente aceite do desenvolvimento da Segunda Guerra Mundial, revela-se surpreendente.

Mas voltando ao nosso ensaio de conclusão.

Na sequência do lamentável Tratado de Versalhes (1919), a Alemanha logicamente reivindicou e obteve a reintegração dos territórios ao Reich que lhe tinham sido retirados. Esta reintegração foi difícil, porque os seus inimigos aproveitaram a oportunidade para denunciar o seu (suposto) belicismo.

Com o recuo necessário, nós podemos restabelecer a verdade sobre esses eventos. Na época, a Alemanha teve de intervir para ajudar essas minorias alemãs que subiam maus tratamentos e abusos por parte dos dirigentes desses países em que tinham sido incorporados contra a sua vontade.

No geral, essas reintegrações foram feitas sem derramamento de sangue: Áustria, Sudetes, Memel. Foram necessárias as pretensões polacas apoiadas pelo capitalismo apátrida internacional para que o conflito armado arrebente. A Alemanha não pensava que um conflito regional iria desencadear uma guerra mundial.

No entanto, a Grã-Bretanha e a França declararam-lhe a guerra. O Reich não queria a guerra; ele não estava, o que quer que se possa pensar, pronto para fazê-la. De Setembro de 1939 a Maio de 1940, não se contam as inúmeras ofertas de paz de Hitler. Mas ninguém lhe respondeu. Então, ele foi forçado a lançar a sua ofensiva em Maio de 1940. Vencedor, ele continuou a oferecer a paz ao

Oeste, porque ele sabia da ameaça russa a Este. Ele enviou mesmo o seu mais fiel companheiro a Inglaterra, Rudolf Hess. O resto pertence à história. Se Hess permaneceu tanto tempo na prisão, sem poder falar e se ele foi assassinado no momento em que ia ser libertado, foi porque teve-se de abafar a sua voz para sempre.

Hitler sabia que não podia ganhar a guerra batendo-se em duas frentes. Sabendo do inevitável confronto com a Rússia, ele tentou chegar a acordo com as democracias ocidentais. Mas estas não queriam ouvir falar de paz. Eles pensavam que os soviéticos iriam ajudá-los a destruir o Nacional-Socialismo, ideologia incompatível com os seus objectivos de dominação mundial. Mas como mais tarde confessou Churchill: “Sacrificamos o porco errado!

A pressão russa forçou Hitler a abandonar o seu projecto de invasão da Inglaterra. Ele foi obrigado a ordenar a operação “Barbarossa” e atacar a Rússia em 22 de Junho de 1941, surpreendendo o comando soviético.

Agora, façamos a seguinte pergunta: “O que que teria acontecido se a Rússia atacasse em primeiro ?”.

Sem dúvida, a Alemanha ter-se-ia defendido, mas em más condições. Em consequência, ela cederia rapidamente sob o peso da massa humana e do material acumulado, como escreveu Suvarov, nas suas fronteiras.

Se a Alemanha tivesse perdido a batalha, é fácil imaginar a situação: toda a Europa ocupada pelo Exército Vermelho e o NKVD; uma limpeza implacável. Hoje, nós seriamos sem duvida alguma ainda comunistas, porque nem a Inglaterra nem os Estados Unidos iriam intervir.

Além disso, os russos, ter-se-iam apoderado de meios técnicos consideráveis dos ocidentais, teriam oferecido à Europa um estilo de vida semelhante ao que os países comunistas de leste experimentaram, com a diferença que não teria havido nenhuma esperança de mudança num futuro próximo.

Nós ignoramos se Hitler, quando atacou, tinha a certeza da vitória. Mas embora agindo sob coacção, ele tinha certamente a consciência de defender a civilização e o futuro da Europa. Foi assim que compreenderam todos os voluntários de vários países europeus que, aos milhares, participaram nesta cruzada contra o Bolchevismo.

A Europa perdeu a guerra; os seus restos foram divididos entre os dois vencedores. O sacrifício dos combatentes europeus no entanto permitiram limitar os estragos, porque Stalin não conseguiu impor o comunismo em toda a Europa. Muito melhor, tendo se mostrou ineficaz, este sistema entrou em colapso.

O dia está agora mais próximo onde uma revisão completa da história fará justiça à Alemanha. Então, talvez estudaremos finalmente outros aspectos do Nacional-Socialismo; os aspectos económicos e sociais que, ignorados pelos políticos actuais, certamente poderiam fornecer soluções para os inúmeros problemas hoje enfrentados pelos Europa.

Epílogo
Por Vincent Reynouard

A mini-tempestade (muito efémera) causada pela publicação do livro de Victor Suvarov demonstrou mais uma vez a desonestidade dos historiadores oficiais. Na verdade, se tivessem feito o seu trabalho honestamente, se não tivessem escondido alguns documentos, há muito tempo que a verdade sobre as intenções agressivas soviéticas contra a Alemanha em 1940-1941 teriam sido conhecidas e reconhecidas.

Examinemos, por exemplo, o Testamento Político de Hitler (Ed. Arthème Fayard, 1959). Nós aprendemos que em 26 de Fevereiro de 1945, o Führer havia declarado:

A atitude dos soviéticos durante o verão de 1940, pelo facto que tinham absorvido os países bálticos e a Bessarábia durante o tempo em que estávamos ocupados a Oeste deixou-me sem ilusões com relação aos seus projectos. A supor que eu tivesse considerado a visita de Molotov, em Novembro [1940], como suficiente para as dissipar. As propostas me fez Stalin, após o retorno do seu ministro, não podiam enganar-me. Stalin, este imperturbável galante enganador, queria simplesmente ganhar tempo e consolidar as suas bases de partida na Finlândia e nos Balcãs [...]. O drama para mim era a impossibilidade de atacar antes do 15 de Maio - e de todas as maneiras, para tentar ganhar ao primeiro golpe, teria de atacar não muito tarde. Mas Stalin poderia ter desencadeado muito mais cedo esta guerra. Assim, durante todo o inverno, especialmente desde a primavera de 1941, eu vivia na obsessão que os russos tomassem a iniciativa (págs. 134-135).

Este texto faz claramente aparecer as intenções dos soviéticos contra a Alemanha em 1940-41. Alguém poderá dizer que esse Testamento, oriundo das notas redigidas após guerra por Bormann, é apócrifo. Vamos admitir que sim. Mas, essas declarações postas na boca de Hitler são confirmadas por aqueles que foram acusados no processo de Nuremberga. O leitor encontrará reproduzidos logo a seguir dois trechos dos estenótipos do primeiro processo de Nuremberga.

- Primeiro trecho: Audição de Göring, audiência do 14 Março 1946 (tomo X, pág 366-368).

Dr. StahmerQuando é que tomou conta pela primeira vez que Hitler pensavas haver necessidade de uma guerra contra a Rússia ?
Réu GöringFoi no fim de outono 1940, em Berchtesgaden, que fui informado das intenções do Führer de entrar em conflito com a Rússia logo que a ocasião se apresentasse.
Dr. StahmerEstava presente na conferência que teve lugar em Novembro 1940 a Berlim com o Ministro dos Negócios Estrangeiros soviéticos, Sr. Molotov ?
Réu GöringPessoalmente, não assisti ao diálogo entre Hitler e Molotov. O Sr. Molotov, no entanto, fez-me uma visita e nós discutimos da situação em geral. Conheço naturalmente esse diálogo com Molotov pois o Führer informou-me dos detalhes. Foi justamente esse diálogo que fez crer ao Führer que a Rússia estava preparada para um ataque contra a Alemanha e são as questões e remarcas de Molotov que são a causa.

Era questão, por um lado, de uma garantia à Bulgária e de um pacto de assistência com a Bulgária tal como aquele feito entre a Rússia e os três países bálticos. Em segundo lugar, era questão de um abandono total da Finlândia pela Alemanha pois a Rússia, que tinha assinado um tratado de paz com a Finlândia pouco tempo antes, justificava o seu ataque contra esse país dizendo que não estava satisfeita dos resultados obtidos, de Hangö, etc. Em terceiro, era questão de discussões sobre os Dardanelos e o Bósforo, e o quarto ponto visava a possibilidade de penetrar na Roménia pela Bessarábia. Estes foram os pontos discutidos com o Führer. Falámos igualmente com o Ministro dos Negócios Estrangeiros de uma ocupação ou de medidas de segurança executadas nas passagens do Báltico.

O Führer considerou diferentemente essas exigências. Ele interpretou os pedidos russos à Alemanha a propósito da Finlândia, e à luz de outras informações sobre as manobras de tropas e preparativos russos, e convenceu-se que a Rússia queria reforçar as suas posições do lado da Finlândia para surpreender a Alemanha pelo Norte e estar à proximidade das minas de ferro suecas que eram de uma importância decisiva para a Alemanha nesta guerra. Em segundo lugar, logo que a Rússia pediu para penetrar nos territórios romanos e búlgaros, o Führer não tinha a certeza que esse movimento seria executado em direcção do Sul, quer dizer para os Dardanelos e a Este; mas aí também a Rússia ameaçaria o flanco sul da Alemanha e, em controlando os campos petrolíferos romanos, faria da Alemanha dependente de ela para o petróleo. Ele viu nessas exigências, criações dissimuladas de posições de partida contra a Alemanha. Estava fora de questão para a Alemanha discutir a adesão ás medidas de segurança nos canais do Báltico. No conjunto, esta discussão deu ao Führer a impressão que as divergências de vista germano-russas começavam a ficar perigosas.

Já na conversa que tinha tido com ele, o Führer disse-me porque pensava em prevenir um ataque no momento propicio. As informações concernentes aos fervorosos preparativos de manobras de forças nos territórios recentemente tomados pela Rússia na Polónia, Letónia, Lituânia, Estónia e na Bessarábia, faziam-no particularmente desconfiado.

Até essa data, nós tínhamos somente oito e, mais tarde, vinte a vinte-cinco divisões ao longo da fronteira Este. Informações fizeram-nos crer que a Rússia poderia esperar para nos atacar pelas costas assim que a Alemanha entrasse em acção a Oeste, seja por uma invasão pelos Ingleses, seja por a Alemanha, do seu lado, decidisse a invasão da Inglaterra. Esses argumentos foram reforçados pelo facto de que, pouco tempo antes, contrariamente ao habito, os engenheiros alemães e, eu creio também, vários oficiais, foram subitamente convidados a visitar as fábricas de armamento de aviação e tanques.

As informações que eles enviaram sobre a capacidade de produção muito elevada dessas fábricas reforçaram a convicção do Führer. Ele estava tão persuadido que dizia – e era esse o seu pensamento político - que se a Inglaterra, tanto antes como depois, não pensava em chegar a acordo connosco, mesmo que tenha sido a única a opor-se a nós, é porque havia algo que se jogava nos bastidores. Ele tinha sido informado que o Primeiro-Ministro Churchill tinha sublinhado na Inglaterra a certos espíritos inquietos os dois seguintes factos: em primeiro, tinha-se de contar com um apoio acrescido dos Estados-Unidos, pelo menos no domínio técnico e no do armamento, e em seguida, o que ele considerava como o mais provável, que Churchill já tinha começado negociações nesse sentido com a Rússia e atirado a atenção sobre o facto que mais tempo menos tempo chegar-se-ia a um conflito. O Führer fazia o seguinte cálculo: antes que a América tenha finalizado o seu armamento e a mobilização do seu Exército, ele teria quebrado o avanço russo através de um ataque súbito e destruído as tropas russas a um tal ponto que elas não representariam mais que um pequeno perigo insignificante em caso de luta contra os Anglo-Saxões no continente.

Tais foram as explicações do Führer. Depois teve lugar a visita de Molotov sobre a qual eu acabei de fazer referência e que só veio confirmar esse ponto de vista.

Dr. Stahmer - Que pensava você nessa época sobre um ataque contra a Rússia ?
Réu GöringEu fiquei em primeiro muito surpreso e perguntei ao Führer para me dar algumas horas de reflexão antes de dar o meu aviso. Fui tomado de surpresa. Á noite, eu disse ao Führer, após essas discussões da tarde, que pedia incessantemente ao Führer de não começar uma guerra contra a Rússia, nem actualmente nem num futuro próximo; não porque eu fosse guiado por considerações de Direito Internacional ou por razões semelhantes; minha atitude era somente devida a razões políticas e militares.

Em primeiro, desde há muito tempo e desde a tomada de poder, eu fui se calhar uma das únicas personalidades alemãs a ter em consideração que um conflito com a Rússia seria muito perigoso para a Alemanha. Eu sabia, e muitos outros também, que desde há dez anos, a Rússia tinha-se consideravelmente rearmado e tinha instruído as suas tropas e que o nível de vida tinha sido sacrificado a favor da produção de armamento. As vendas da industria alemã e das industrias americanas, britânicas e outras sempre mostraram claramente que era questão exclusiva de máquinas que, directamente ou indirectamente eram necessárias a um formidável programa de rearmamento. Era fácil deduzir a amplitude e rapidez do rearmamento russo. Se a Alemanha tivesse evoluído para o comunismo, o rearmamento russo teria sido dirigido, segundo o meu ponto de vista, contra outros perigos. Mas como nós tomamos o poder, naturalmente a política interior e a diferença de ideologia constituíam uma grave ameaça.

Eu dei conta que tais contrastes não levariam necessariamente a conflitos entre Estados, porque os interesses políticos e nacionais dos Estados são sempre mais fortes e mais potentes que todos os contrastes ideológicos ou que todos os acordos. Mas aí também eu via uma ameaça, pois que significava esse rearmamento importante num momento onde, antes da tomada de poder, a Alemanha era impotente ? Eu disse então ao Führer que, apesar da atitude da Rússia, eu sempre tinha visto um perigo e que o tinha sempre temido, mas que eu lhe pedia para esperar. (Fim)

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Download "Icebreaker"

Ps: Podem encontrar o original aqui, com o resto de declarações de dirigentes do Reich.

Muito aconselhável ler "Icebreaker" para ter uma visão de como os judio-comunistas estavam-se a preparar para invadirem a Europa toda, a começar pela Alemanha
"170 divisões, com cerca de 3 milhões de homens, 
preparavam-se para invadir a Alemanha".